Como a política é dinâmica parte III: O que será que aconteceu com o "vento forte" de Geraldo Melo, virou brisa?

"Senhor, o que eu fiz para ser esquecido?"

Quem não lembra deste jingle: "Sopra um vento forte no Rio Grande do Norte..."

Pois é, este era o trecho inicial da música mais famosa da campanha para governador do nosso estado no ano de 1986, que consagrou Geraldo José da Câmara Ferreira de Melo (Geraldo Melo), como um grande líder político naquela época.

Naquela campanha O PMDB vinha de uma acachapante derrota eleitoral sofrida em 1982, quando seu líder maior, Aluizio Alves, tinha sido derrotado por mais de 107.000 votos para José Agripino. Só que quando todos acreditavam que ali tinha sido decretado o fim da carreira política de Aluizio Alves, eis que o grande líder ressurge como uma fênix, e lança Geraldo Melo, como candidato do seu partido para enfrentar o candidato do PDS, partido do então governador José Agripino, no caso, o deputado João Faustino. 

A chapa governista era composta por João Faustino para o governo, e José Agripino e Lavoisier Maia para o senado. A oposição apresentou a seguinte chapa: Geraldo Melo para o governo, Zezito Martins e Wanderley Mariz para o senado.

Geraldo foi apelidado pejorativamente de "tamborete" pelos adversários, mas acabou usando o apelido na campanha  de 86 para propagar ainda mais seu nome.

O candidato do governo, João Faustino, iniciou a campanha naquele ano com uma folgada vantagem nas pesquisas em relação a Geraldo Melo. Entretanto, o “tamborete” como era chamado Geraldo, disse que iria percorrer o Estado todo e que faria a virada. 

Geraldo Melo, com muita disposição garra e dono de uma oratória invejável, começou a reverter a situação. Talvez nos últimos anos, tenha sido o político com o poder de convencimento e com o discurso mais cativante. As multidões ficavam como que enfeitiçadas com os discursos do “tamborete” e as pessoas somente retornavam para suas casas após ouvirem os “recadinhos” que Geraldo contava para os seus correligionários que compareciam aos seus comícios e passeatas.

Outro fator positivo naquela campanha foi às belíssimas músicas da campanha de Geraldo Melo, principalmente a do “vento forte”, que até hoje para a grande maioria das pessoas que gostam de política, afirmam ter sido a mais bonita de todas as músicas de campanhas eleitorais de 1968 para cá.

Na mais brilhante, emocionante  e vibrante campanha eleitoral, ao final, mostrou a vitória de Geraldo Melo para o cargo de governador e José Agripino e Lavoisier Maia para as duas vagas de senador. Surgia naquele momento uma das figuras mais emblemáticas da história política do nosso Estado, Geraldo Melo, o "tamborete".

Geraldo nos braços do povo na vitória de 1986

Depois, Geraldo Melo que já tinha sido Vice-governador e Secretário estadual, foi eleito senador da república pelo nosso estado em 1994. Tentou renovar seu mandato em 2002 e 2006. Contudo, não obteve êxito.

De lá pra cá, Geraldo, apesar de ser um vitorioso na política, ficou meio que esquecido no cenário político estadual e muitos, até de forma exagerada, chegam a afirmar que o "tamborete" caiu no ostracismo político. 

Sem ter mais condições eleitorais de disputar um mandato de senador ou de governador, Geraldo teve seu nome cogitado para concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados, mas não se empolgou muito com essa possibilidade. 

Essa negativa por parte do Ex-governador poderia signicar que o tempo de Geraldo Melo na política, no que se refere à disputa de cargos eletivos, definitivamente já passou. Agora, o "tamborete", diz que participará da política somente nos bastidores e bem longe dos holofotes. 

A exclusão de Geraldo Melo do cenário eleitoral é sem dúvida, mais um reflexo e consequência do dinamismo político, que não perdoou nem mesmo, "o homem do vento forte", que um dia sentiu o gostinho doce de ser idolatrado politicamente. Ele teve realmente os seus momentos de fama.

Com certeza afirmo: A política do nosso estado ficará mais "pobre" com a ausência de Geraldo Melo nos palanques proferindo seus discursos eloquentes e, que despertava a atenção das multidões, mas como na vida tudo passa... a única solução para relembrar estes momentos inesquecíveis será através de gravações em fitas K7 ou VHS, se é que ainda existem, com os discursos do "baixinho".

Agora pensem bem...

Será que os políticos desta nova geração, ou que estão pensando em ingressar na vida pública, ao verem esta matéria se concientizarão de que o poder pertence somente ao povo?

Espero que sim, pois se não estiverem atentos ao dinamismo imposto pela política, fatalmente cairão, assim como Geraldo Melo e outros... no ostracismo político.

Quem avisa amigo é...