Fabrício Torquato disse que sua mãe, Maria Rêgo, ainda paga contas da campanha eleitoral de 2004, revelando suposta prática de "Caixa 2".


Como viajei no fim de semana, não pude acompanhar (ao vivo) a entrevista que o prefeito Fabrício Torquato concedeu, no último sábado (18), à Rádio Obelisco FM, de Pau dos Ferros.

Todavia, na noite desta segunda-feira (20), tive acesso a uma gravação com a íntegra do pronunciamento proferido pelo gestor que, diga-se de passagem, não apresentou nenhuma novidade alvissareira aos pau-ferrenses na seara administrativa, apenas a renovação de promessas quanto a entrega de obras que seguem em um ritmo letárgico e outras que ainda não saíram do papel.

Contudo, em um determinado momento de suas argumentações, Fabrício Torquato deixou transparecer a ocorrência de duas situações no mínimo intrigantes: em primeiro lugar, o acúmulo pessoal de uma enorme mágoa em virtude da derrota sofrida nas urnas pela sua mãe, professora Maria Rêgo, nas eleições de 2004, que foi superada pelo então jovem candidato Leonardo Nunes Rêgo. Em segundo, a revelação de uma suposta prática de "Caixa 2" na campanha de sua genitora na batalha eleitoral daquele ano. 

Confira abaixo a transcrição da fala do prefeito:

"A minha mãe teve duas derrotas na vida dela. Uma em 1996 quando perdeu para Nilton Figueiredo e outra em 2004 quando perdeu para o ex-prefeito. Eu já tive histórico de sucesso de uma vitória, duas... eu lhe digo: posso ter mil derrotas na vida, nenhuma delas vai me doer mais do que ver a minha mãe perder uma eleição como foi naquele tempo. Pelo desgaste que fica, pelas contas que fica, mas, em compensação nós passamos por muitas dificuldades naquele tempo todo. A minha mãe sabe muito bem como é que ela lida, ainda hoje ela paga conta daquela campanha que ela perdeu faz uns doze anos, mas, com a cabeça erguida." 

Deixando de lado as mágoas pessoais do Prefeito Fabrício com as derrotas passadas, confesso que a informação repassada por ele dando conta que a professora Maria Rêgo ainda está quitando débitos da campanha eleitoral de 2004 é um tanto quanto surpreendente tendo em vista que, segundo as normas estabelecidas pela justiça eleitoral, todas e quaisquer receitas e despesas dos candidatos deveriam ter sido informados no prazo legal devidamente estipulado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Inclusive, tal assertiva foi explicitada pela Resolução de Nº 21.609/2004.

Ademais, pelo que consta na prestação de contas repassada ao TSE, em 2004, as despesas totais da campanha da então candidata Maria Rêgo foram de R$ 54.500,00, números que deveriam ser encarados como finais e oficiais se não fosse a declaração enfática de Fabrício Torquato que, claramente, revelou uma suposta movimentação financeira paralela (Caixa 2) na campanha de sua mãe daquele ano.

 
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Só a título de informação, o dinheiro fruto de "Caixa 2" é aquele que financia a campanha eleitoral sem ser contabilizado, ou seja, sem aparecer na prestação de contas de campanha enviada pelos candidatos à Justiça Eleitoral.

Neste caso, sendo considerada como verdadeira a afirmação do Prefeito Fabrício Torquato, entendo como pertinente a deflagração de uma investigação por parte do Ministério Público para, no mínimo, interpelar o gestor sobre quais contas a sua mãe ainda está pagando referentes ao pleito de 2004 e que não foram informadas ao TSE.

Confira abaixo o áudio com a declaração intrigante do Prefeito Fabrício Torquato: